Introdução
A neurociência comportamental é um campo fascinante que estuda a relação entre nosso comportamento, nossas ações diárias e nosso sistema nervoso.
Em outras palavras, essa área investiga os mecanismos cerebrais por trás das escolhas que fazemos e dos padrões comportamentais que adotamos.
Compreender os fundamentos da neurociência comportamental nos ajuda a entender melhor nossas próprias motivações, anseios e decisões.
Ao perceber os fatores neurais e biológicos que influenciam nosso dia a dia, podemos adotar estratégias mais assertivas para nossas vidas pessoais e profissionais.
Neste artigo, vamos explorar o que é neurociência, suas principais áreas de estudo, de que forma a neurociência comportamental impacta nosso autoconhecimento e processo de aprendizagem, bem como algumas aplicações práticas dessa ciência para ambientes corporativos e estratégias de negócio.
Entendendo o Cérebro
O cérebro é a ferramenta de estudo da Neurociência Comportamental. Ele possui mais de 80 bilhões de neurônios. Cada um deles é um mensageiro que envia informações por sinapses (que seriam como “estradas” de uma cidade), por meio dos seus neurotransmissores (os “correios” dessa cidade).
A anatomia do cérebro é composta de regiões que possuem funções específicas. Já foram identificadas 47 áreas corticais responsáveis pelo processamento de diferentes atividades como memória, emoções, linguagem, fome, sono e prazer.
As informações chegam até o cérebro pelos sentidos e, em seguida, as áreas específicas trabalham no processamento desses dados.
Já os neurônios são as células nervosas responsáveis por enviar e receber as informações no cérebro. Eles funcionam como mensageiros elétricos que transmitem informações para o corpo e do corpo.
Aliás, é comum algumas pessoas imaginarem que os neurônios só estão presentes no cérebro. Na verdade eles são encontrados no corpo todo e possuem essa tarefa fundamental de mandar as mensagens para o cérebro.
Mas afinal, como o cérebro se concentra?
Quando precisamos nos concentrar em algo específico, as nossas ondas cerebrais mudam de padrão. Essas ondas estão relacionadas a diferentes estados de atenção, como a atenção seletiva e a vigilância.
Através de estudos, os neurocientistas descobriram que existem técnicas que podem ajudar a melhorar a concentração, como a meditação, já abordada ali atrás.
A meditação é a concentração focada em um único objeto ou pensamento, sem se deixar levar por outras distrações.
Porém, não há solução única para todas as pessoas. O que funciona para um pode não funcionar para outro. Então, é importante experimentar diferentes técnicas e descobrir o que funciona para você. A chave para manter o foco é a prática constante.
O cérebro é plástico e pode ser treinado para se concentrar melhor ao longo do tempo.
Em resumo, concentração é uma habilidade que pode ser adquirida através de treinamento. Então, que tal começar agora mesmo, depois da leitura deste post?
O que é a Neurociência e quais são suas principais áreas
A neurociência é definida como o estudo científico do sistema nervoso, buscando compreender seu funcionamento e organização. Apesar de ser um campo relativamente recente, formalizado na década de 1960 e 1970, suas origens remontam a filósofos da Grécia Antiga, como Platão e Aristóteles.
Ao longo dos séculos, o entendimento sobre o cérebro e o comportamento humano evoluiu bastante, impulsionado por descobertas sobre neurônios, sinapses, funções cerebrais, entre outros aspectos.
Hoje, com o avanço da tecnologia, é possível ter insights cada vez mais profundos sobre nossa mente e cabeça.
Imagine o cérebro como o supercomputador mais complexo do mundo. Imaginou? A neurociência é o manual de instruções para entender como esse computador funciona.
Em pouco mais de um século, essa ciência derrubou mitos sobre a mente humana e abriu portas para tratamentos de doenças como Parkinson e Alzheimer. Medicina, psicologia, educação, Inteligência Artificial… É uma área realmente abrangente.
Dentro da ampla área da neurociência, destacam-se algumas subáreas especializadas:
1. Neuroanatomia:
Estuda a estrutura e organização física do cérebro e sistema nervoso.
Essa especialidade foca em investigar as diferentes partes constituintes do cérebro humano e suas interconexões, buscando entendê-lo como um todo estruturado e interdependente.
Também analisa questões como localização de funções em diferentes áreas cerebrais e impactos de lesões ou traumas na funcionalidade global do órgão;
2. Neurofisiologia:
Investiga as funções específicas do sistema nervoso, como transmissão de sinais.
Esta subárea dedica-se especificamente às dinâmicas funcionais básicas do sistema nervoso, como comunicação entre neurônios, transporte de impulsos elétricos, liberação de neurotransmissores nas sinapses e outros processos essenciais ao pleno funcionamento cerebral e neural;
3. Neurociência cognitiva:
Analisa nosso processo cognitivos cerebrais, como memória, percepção e aprendizagem.
Esta vertente enfoca nas operações e fenômenos mentais complexos, que envolvem representação, processamento e armazenamento de informações. Funções como linguagem, raciocínio, tomada de decisão e planejamento também são investigadas por essa perspectiva;
4. Neuropsicologia:
Examina a relação entre nosso funcionamento psíquico/mental e o sistema nervoso.
Essa área especializada estuda os vínculos entre nossa vida mental e emocional e os substratos neurais e fisiológicos associados a eles. Investiga desde questões comportamentais e de personalidade até quadros neurológicos e psiquiátricos;
5. Neurociência comportamental:
Nossa ênfase neste artigo – destrincha os mecanismos cerebrais que moldam comportamentos e ações.
Como explicado anteriormente, essa subdisciplina busca elucidar as bases biológicas e neurais que influenciam nossas escolhas, hábitos e relações interpessoais cotidianas.
A Neurociência e os Desafios
A neurociência também nos ensina como superar obstáculos. A neuroplasticidade mostra que podemos sempre aprender e mudar, não importa nossa idade. Entender nossas emoções e desenvolver resiliência nos ajuda a tomar decisões melhores e superar desafios.
Isso significa que mesmo se você acredita que não nasceu com certas habilidades ou capacidades e vive se sabotando, ainda assim é possível treinar e desenvolver seu cérebro para melhorar nessas áreas.
A neuroplasticidade mostra que seu cérebro nunca para de aprender e mudar! Desenvolver novos hábitos, treinar novas habilidades e superar comportamentos negativos são exemplos de como a neuroplasticidade pode ser usada.
A relação entre a Neurociência e Aprendizado
Antes de mais nada, é interessante falar sobre “aprendizado” e “consciência”. Eu sei, eu sei. Esse papo está ficando filosófico de mais. Mas confia! É importante.
O que seria a consciência e como perceber o mundo que nos ronda? Como “aprender”? Onde essa informação é “armazenada”?
Bem, a Propriedade Emergente da Consciência é uma teoria que explica que a consciência é uma característica que surge da “interação de todas as funções neuronais, mas que não se reduz a nenhuma delas especificamente”.
Explicando melhor, a mente não é vista apenas como um programa que roda no “hardware do cérebro”, mas sim como um fenômeno emergente de todo o sistema neural.
Isso significa que compreender o funcionamento do cérebro não é algo simples. Além da utilização de ferramentas tecnológicas, muito se deve a testes empíricos em laboratórios.
Estamos falando do órgão mais complexo que se tem notícias. Que já existiu. Há mais de 14 bilhões de anos. Não é pouco, concorda?
Ainda há muito o que se descobrir sobre o cérebro humano, mas os avanços realizados pela neurociência até agora nos permitem ter uma boa compreensão do que é possível dizer sobre como aprendemos as coisas ou como criamos atenção sobre algo ou, ainda, como consolidamos a memória e os sonhos.
Nosso cérebro é uma máquina de aprendizado incrível. Um livro com infinitas páginas.
Ele é composto por diferentes regiões, cada uma responsável por funções específicas. Com o avanço das pesquisas, já foram identificadas 47 áreas corticais que processam atividades como a memória, as emoções, os movimentos, a linguagem, a fome e o prazer.
O conhecimento dessas regiões específicas ajuda a explicar hábitos consumistas, vícios, preferências por diferentes tipos de música, diferenças entre homens e mulheres, dificuldades de aprendizado, crenças religiosas e porque esquecemos coisas no cotidiano. E também há quem busque “reprogramá-lo” para curar traumas ou problemas psíquicos.
O processo de memória é complexo e envolve várias etapas. A memória de curta duração envolve a atenção, retenção e recuperação de informações recentes.
Já a memória de longo prazo requer um processo mais complexo, que envolve a consolidação e a recuperação de informações.
E aqui vai uma primeira informação preciosa: o sono é fundamental na consolidação da memória, consolidando informações na memória de longo prazo. Não há bom sono? Não há boa memória de longo prazo.
Pesquisas também apontam que o desenvolvimento cognitivo seja fundamental para um aprendizado efetivo e bem-sucedido.
A neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro em mudar e adaptar-se com base nas experiências, é um fator chave nesse processo. A capacidade de mudar a forma de pensar sobre algo é uma habilidade que auxilia no desenvolvimento do pensamento crítico.
Estar frente à frente com ideias opostas e aprender a ouvi-las te torna definitivamente mais capaz.
De acordo com as pesquisas mais recentes, nosso aprendizado e capacidades mentais dependem primordialmente de cinco fatores neurais:
- Atenção;
- Memória;
- Emoções;
- Motivação;
- Plasticidade cerebral.
Sabendo disso, é possível desenvolver métodos de ensino e aprendizagem mais assertivos, customizados aos diferentes perfis e singularidades de cada estudante ou profissional.
Alunos com perfil mais emotivo e criativo, por exemplo, aprendem melhor por meio de experiências práticas e dinâmicas interativas. Já aqueles com características mais racionais e analíticas se beneficiam com abordagens passo a passo, bem didáticas.
Identificar e aplicar o melhor estilo de aprendizagem para cada pessoa, com base nas descobertas da neurociência comportamental, amplia muito a eficiência na transmissão e assimilação de conhecimentos.
Estratégias para melhoria de aprendizado, com base na Neurociência
Muitas estratégias podem ser usadas para melhorar o aprendizado, concentração e a memória. Vamos a algumas delas:
1. Repetição
Ajuda a transferir a informação da memória de curto prazo para a memória de longo prazo.
Quando repetimos informações, estamos fortalecendo as sinapses cerebrais, essenciais para a transferência de dados da memória de curto prazo para a memória de longo prazo. É como construir uma ponte neural, permitindo que o conhecimento flua suavemente através de nosso cérebro, criando memórias duradouras e acessíveis.
2. O uso de associações mnemônicas
Visualizações e histórias são outras estratégias que auxiliam na memorização. Ao associar informações a imagens ou a narrativas envolventes, criamos mais possibilidades de lembrar de situações e argumentos.
3. Prática regular de atividades físicas
A prática regular de atividades físicas não apenas mantém nosso corpo saudável, mas também beneficia nosso cérebro.
Os exercícios aumentam o fluxo sanguíneo para o cérebro, fornecendo oxigênio e nutrientes. Além disso, estimula a produção de substâncias químicas que melhorando a função cognitiva e a capacidade de concentração
4. Meditação
Ao praticar a atenção plena, aprendemos a acalmar a mente, reduzir o estresse e melhorar a clareza mental.
Estudos demonstraram que a meditação aumenta a densidade do córtex cerebral, a área responsável pelo pensamento, memória e aprendizado.
5. Sono de qualidade
Durante o sono, o cérebro revisita as experiências do dia, fortalecendo as conexões neurais e convertendo informações temporárias em memórias de longo prazo.
6. Ler e estudar informações opostas e coerentes
A mente prospera na diversidade de pensamento. Ler e estudar informações opostas não apenas expandem nossos horizontes intelectuais, mas também desafiam o cérebro.
Enfrentar perspectivas divergentes promove a flexibilidade cognitiva, fortalecendo as redes neurais relacionadas ao pensamento crítico e à resolução de problemas.
De forma geral, para uma boa memória e aprendizagem efetiva, é necessário realizar uma mudança de comportamento e de pensamento.
A neurociência explica como o cérebro funciona e as tendências naturais pelas quais todos passam. Conhecer as fraquezas do cérebro é importante para vencer desafios e alcançar nossos objetivos.
Neurociência Comportamental e autoconhecimento
Dentro da neurociência, a vertente comportamental merece destaque pelo seu foco em desvendar os fenômenos neurológicos por trás de nossas atitudes e decisões do cotidiano.
Ao compreender os fatores cerebrais que nos motivam e influenciam, desenvolvemos mais autoconhecimento.
Isso porque passamos a entender os padrões comportamentais que adotamos frequentemente, nossas crenças e vieses inconscientes, traumas e gatilhos emocionais. Conseguimos identificar necessidades subjetivas que nem sempre conseguimos perceber sozinhos.
Para ilustrar, uma pessoa com TDAH costuma ter muita dificuldade com foco e atenção. No entanto, ao compreender os mecanismos neurais que geram essas limitações, ela pode desenvolver estratégias mais assertivas para lidar com essas questões.
No trabalho, por exemplo, poderia solicitar uma alocação em funções mais adequadas ao seu perfil comportamental, que demandem menos concentração contínua. Assim, seu desempenho e satisfação melhoram consideravelmente.
Portanto, conhecer os fundamentos da neurociência comportamental amplia nosso autoconhecimento, permitindo tomar decisões alinhadas às nossas singularidades e necessidades reais.
Aplicações da Neurociência Comportamental
As aplicações práticas da neurociência comportamental no dia a dia das empresas e negócios são muitas. Essa ciência traz insights poderosos sobre as motivações e singularidades de cada profissional.
Ao compreender os “drivers” neurais de seus colaboradores, os gestores e líderes conseguem desenvolver estratégias muito mais assertivas de gestão de pessoas e times.
Alguns benefícios do uso da neurociência comportamental em corporações:
1. Recrutamento e seleção de talentos aprimorado:
Permite avaliar candidatos além de hard skills, com foco em comportamentos e compatibilidade cultural.
2. Alocação estratégica de funções por perfil comportamental:
Colaboradores ficam mais engajados e performáticos ao exercer papeis alinhados a suas características cerebrais e de personalidade.
3. Programas de treinamento e desenvolvimento mais eficientes:
Conteúdos e dinâmicas customizadas com base em singularidades de aprendizagem de cada grupo.
4. Clima e cultura organizacional mais saudáveis:
Gestão de pessoas e equipes com foco em motivação, realização e bem-estar.
5. Menos absenteísmo e maior retenção de talentos:
Profissionais mais felizes, melhor qualidade de vida no trabalho.
6. Colaboradores mais engajados e produtivos:
Trabalham motivados em funções adequadas, com propósito individual conectado aos objetivos coletivos..
Em síntese, trata-se de uma poderosa ferramenta de transformação cultural e aprimoramento contínuo de processos, pessoas e resultados.
Estratégias empresariais com base na Neurociência Comportamental
Além do impacto nos departamentos de RH, a neurociência comportamental também é fonte de excelentes insights estratégicos para outros setores e negócios. Vejamos algumas aplicações interessantes:
1. Neuromarketing
Consiste em aplicar conhecimentos sobre funcionamento cerebral de consumidores para criar estratégias muito mais assertivas de marketing e venda.
Ao compreender os gatilhos mentais que levam as pessoas a comprar determinados produtos, é possível direcionar campanhas e offerings certeiros.
2. Psicologia positiva
Essa vertente da psicologia foca em reforçar virtudes e capacidades mentais, gerando mais bem-estar. Aplicada no trabalho, torna colaboradores mais felizes, engajados e produtivos. A neurociência explica os mecanismos cerebrais por trás desses benefícios.
3. Inovação e visão contra intuitiva
Grandes líderes e empreendedores construiram negócios inovadores por, muitas vezes, irem contra a opinião da maioria. A neurociência mostra que essas visões “anticonvencionais” dependem de conexões neurais singularmente desenvolvidas.
4. Hacks biológicos
Pequenas mudanças de hábito com grande impacto mental. Por exemplo, sabemos como exercícios físicos liberam hormônios que combatem o estresse. Aplicar esse “hack” melhora o desempenho de equipes inteiras.
Conclusão
A neurociência comportamental nos permite desvendar os fenômenos cerebrais que moldam nossas atitudes, crenças, relacionamentos e resultados conquistados. Ao entender nossos drivers neurais, conseguimos tomar decisões muito mais conscientes e acertadas.
Desde o autoconhecimento até estratégias corporativas inovadoras, os insights proporcionados por essa ciência são valiosos gemas a serem explorados por toda pessoa ou organização que almeje sucesso e realização contínuos com saúde mental.
Esperamos que você tenha gostado deste artigo introdutório sobre os principais conceitos e aplicações da neurociência comportamental. Continue nos seguindo para mais conteúdo valioso!
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