Em meio à pandemia do Covid-19 e isolamento social, o Ministério da Educação abriu as inscrições e lançou o calendário com as datas relacionadas ao Enem 2020 (Exame Nacional do Ensino Médio). Apesar do movimento #AdiaEnem, Alexandre Lopes, presidente do INEP, afirmou “Vai ter ENEM”.
Até o dia 19/05 a prova estava marcada para ser realizada nos dias 01 e 08 de novembro , mas com uma novidade: 100 mil participantes poderiam realizar prova virtualmente, neste caso, nos dias 11 e 18 de outubro.
Diante disso, surgiu uma grande pressão do meio estudantil nas redes sociais que teve o apoio de alguns políticos, como da senadora Daniella Ribeiro que criou um Projeto de Lei solicitando a “prorrogação (…) para as provas, exames e demais atividades de seleção ao ensino superior até que estejam concluídos os respectivos anos letivos nas instituições de ensino público e privado”.
O projeto foi votado nessa terça (19) e foi aprovado pelo Senado.
Esta notícia (adiamento do ENEM 2020) agradou a muitos alunos e pais de alunos, uma vez que as condições atuais interferem diretamente no preparo para a prova.
Vale lembrar que o ministro da educação, Abraham Weintraub, disse em seu pronunciamento “Eu sei que o Corona Vírus atrapalha um pouco, mas atrapalha todo mundo. Como é uma competição, ‘tá’ justo”. Esse pronunciamento merece uma análise mais profunda.
Mas as condições seriam justas mesmo?
Dados coletados pelo Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), que é referência no Brasil quando se fala de acesso a tecnologias, apontam que, segundo a pesquisa TIC Domicílios, em 2019, possui acesso a internet:
- 70% das casas na área urbana;
- 44% das casas na área rural;
- 96,5% dos lares do topo da pirâmide social (classes A e B);
- 41% dos lares da base da pirâmide (classes D e E).
Além disso, nas famílias que cuja renda familiar é inferior a um salário mínimo, 78% das pessoas possuem acesso à internet exclusivamente pelo celular.
A nova propaganda do MEC sobre o Enem salienta que “A vida não pode parar”. Nela, é incentivado que os vestibulandos não parem de estudar: “Estude. De qualquer lugar, de diferentes formas. Pelos livros, internet, com a ajuda a distância dos professores”.
Entretanto, muitos alunos (e pais de alunos) têm aguardado maiores iniciativas do governo para ampliar condições de estudos. Como Débora Aladin diz em seu vídeo no Instagram: “Que professores? Que internet? Que livros? Que forma diferente de estudar?”
É inegável que a pandemia do Corona Vírus e a quarentena afetam diretamente o desempenho de todos os estudantes. Em um contexto onde as pessoas estão tendo que arriscar suas vidas para trabalhar, ou perdendo seus empregos, ou ficando doentes, ou morrendo, fica difícil se manter bem psicologicamente. Sendo assim, é natural que o ensino e aprendizado sejam prejudicados.
A adaptação a uma nova rotina em casa e – para aqueles que têm acesso – ao EAD (Ensino a Distância) é desafiador. Nem os professores, nem os alunos, receberam algum tipo de preparação para esse novo modelo de estudo.
A incerteza sobre o futuro e a impotência sobre o presente pode desmotivar muitas pessoas e gerar ansiedade. Por isso, nesse momento, o cuidado com a saúde mental é primordial.
Essas questões geraram grandes reações na sociedade. Na internet, estudantes e professores demonstram suas insatisfações com a situação através da #AdiaEnem. A UBES (União Brasileira dos Estudantes) e UNE (União Nacional dos Estudantes) criaram uma petição (adiaenem.com.br) que solicita o adiamento da prova “para que nenhum estudante tenha seu ingresso na universidade prejudicado” que conseguiu 100% dos votos necessários.
Vitória dos estudantes
O projeto da senadora Daniella foi aprovado pelo Senado, tendo 75 votos a favor e 01 voto contra. Ele ainda não garante o adiamento do ENEM, pois o texto ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados, para então ir para as mãos do presidente Jair Bolsonaro, que poderá sancionar o texto integral ou parcialmente, ou vetar.
Mesmo assim, o presidente já garantiu que haverá o adiamento da prova.
O Ministério da Educação também confirmou que o ENEM será adiado, e que os alunos irão decidir por meio de uma votação a nova data (que poderá ser adiada 30 ou 60 dias).
Ainda assim os estudantes veem necessidade do projeto de Daniela ser aprovado, pois é ele que estabelece que as provas sejam aplicadas somente após a conclusão do ano letivo.
Este foi um passo decisivo para garantir que o Enem 2020 não perderá seu atributo de exame democrático, que visa corrigir algumas injustiças sociais, sendo um pouco mais justo com os estudantes brasileiros.
Ainda que o adiamento se confirme, tenha em mente a importância de não diminuir o ritmo de estudos para que você esteja preparado no dia da prova. Clique aqui, faça seu cadastro na Elune e realize uma aula experimental totalmente gratuita!
